Este artigo investiga as contribuições de Clarice Lispector para o jornalismo literário, a partir da análise de sua crônica “Perdoando Deus”, publicada em 1970 no Jornal do Brasil. O objetivo é compreender como a autora utiliza a crônica como gênero híbrido, que mistura elementos jornalísticos e literários, e como sua escrita reflete sua visão subjetiva e poética do cotidiano. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, com ênfase na análise textual, considerando as características do jornalismo literário e os elementos narrativos da crônica. Os resultados indicam que Clarice Lispector, ao explorar a subjetividade e as questões existenciais em suas crônicas, contribui significativamente para a evolução do gênero no Brasil, rompendo com a objetividade convencional do jornalismo e aprofundando a reflexão sobre a realidade. Conclui-se que a obra da autora, especialmente suas crônicas, representa um ponto de convergência entre jornalismo e literatura, enriquecendo o debate sobre a função social e estética do jornalismo literário.