Com este artigo propomos pensar a pintura como gesto de transcendência, que se projeta para além das essências por meio de dois aspectos fundamentais: de um lado, investigaremos a importância do corpo próprio como forma de encarnação de essências e, de outro, trataremos da descrição de essências como sistema de diferenciação. Diferenciação esta que não é apenas separação, mas também identidade. Nosso objetivo central é mostrar que nesta ambiguidade entre o dentro e o fora, o avesso e o direito, a familiaridade e o estranhamento, é que podemos ter experiências do Ser através de criações. Como referencial teórico para este estudo utilizaremos os escritos de Merleau-Ponty sobre o tema, especialmente os textos a Fenomenologia da percepção e O visível e o invisível. Em síntese, a pintura possibilita à filosofia uma maneira de compreender nossa participação na raiz do mundo, lugar de nascimento contínuo das coisas em seu vibrar originário.