As avaliações externas, instituídas como instrumentos de mensuração da qualidade da educação básica no Brasil, têm ocupado papel central nas políticas públicas educacionais das últimas décadas. Desde a criação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), em 1990, e posteriormente da Prova Brasil e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), observa-se uma crescente ênfase na cultura da mensuração e no uso de indicadores de desempenho escolar como parâmetros de qualidade educacional. Essa ênfase, ainda que baseada em princípios de gestão e eficiência, suscita debates profundos sobre o real significado de qualidade na educação, sobretudo no contexto das escolas públicas do Ensino Fundamental.
O cenário contemporâneo da educação brasileira é marcado por uma dualidade: de um lado, as avaliações externas constituem ferramentas importantes para o diagnóstico das aprendizagens e para o direcionamento das políticas públicas; de outro, a forma como esses resultados são interpretados e utilizados tem levantado críticas quanto à padronização dos processos educativos e à desconsideração das singularidades regionais, culturais e socioeconômicas que caracterizam o país.